segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Atiro a primeira pedra!

Tento acertar diretamente na janela da minha vizinha, embora seja impossível.
Impossível pq a não ser que eu fizesse uma engenhoca de filmes de ação, tipo 0007, não daria certa.
Ela mora verticalmente bem abaixo de mim.
E com seu ouvido super apurado consegue escutar os ruídos, os passos, as músicas e todos os barulhos que existem dentro da minha casa.
Não entendo o que essas pessoas ficam fazendo em suas casas com seus ouvidos encostados em copos colados nas paredes para escutar o que acontece na casa dos outros. Curiosidade mórbida, ou que vida medíocre essas pessoas levam.
O barulho que acontece na rua, é o barulho necessário para o mundo dizer que está vivo. O barulho dos meus vizinhos é que não estou só neste prédio abandonado.
Tudo bem!
As pessoas tem insônia: tomem um remedinho e durman os sonos dos justos.
Não me importo que as pessoas escutem o meu barulho, o barulho da minha casa em movimento. Ou que compartilhem as músicas que escuto. Ou a geladeira que na madrugada faz um barulho insuportável. Ou os meus olhos a correr pelos livros que tento ler. Ou as batidas no teclado. Ou o descanso do copo em cima da mesa. Ou o isqueiro que acende muitas vezes durante a noite.Ou, quem sabe, todos eles juntos.
Não me importo com o que ela faça, mas curta a sua velhice na sua lavação de vidro desenfreada, nas suas roupas estendidas no varal, no seu pátio mal cuidado, na sua bateção de porta.
Agora, sua vidraça merece uma pedra. E como os outros vidros se rache devagar.
Escreva cartas pra mim! Converse comigo no corredor do prédio. Não, fique escrevendo cartas a síndica pelo meu barulho.
Ou, reclamando, do barulho de música (na sua grande maioria de música brasileira), se ela fosse vizinha de um roqueiro estava fudida.
Acho que estou menos barulhento.
Mas peço a ela sua vidraça e deixe ao menos atirar uma pedra.

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